Perdedora

Começou pela manhã, escultando lamúrias que não era de seu interesse, mas estava lá, atenta, pois quem te lamentava precisava de compreensão. Mas não poderia ter ficado apenas naquilo? Porque precisou tocar num assunto que a machucava? Daí pra paciência ir embora foi um triz, e discutiram.
Arrumou-se, e foi embora para o seu trabalho, lá pelo menos estaria ocupada e esqueceria tais problemas. Oh doce ilusão! Não só não esqueceu como pensou muito mais neles! Definitivamente, seu dia estava perdido, não sentia vontade de fazer nada, mas o fez, orando pra que o dia terminasse bem e pudesse ir pra casa descansar. Parecia que tudo conspirava contra, até o colega de trabalho gaiato que sempre animava toda a empresa estava quieto.
Fim do dia, foi-se embora com o pior de todos os sentimentos, só não sabia defini-lo. Queria esconder-se em uma concha espiralada calcária e sair apenas quando o perigo passasse.
Foi dormir e aquele sentimento insistia em perseguir-lhe, até que conseguiu defini-lo: sentia-se uma perdedora. Todo esforço que fazia há tempos como em um passe de mágica foi embora, e naquele estado em que se encontrava nada poderia fazer. Não naquele momento.
Refletiu, e chegou a conclusão que o melhor que poderia ser feito era esperar que a 'poeira' baixasse e começar tudo de novo em um outro dia de sol que haveria de nascer.