terça-feira, 20 de julho de 2010

Calças

Todo dia é dia de minha mãe aporrinhar. Eu, como só trabalho um turno, fico a manhã toda em casa fazendo minhas coisas, lendo, estudando, conversando na net, seja lá o que for. E hoje, como todo dia acontece, minha mãe me vem falar das mesmas coisas que eu já sei, que inclusive, ela me fala todo dia. Mas hoje tem um fator diferente, hoje é aniversário de minha irmã. Lá esta ela procurando uma roupa para o meu pai usar, me mostra uma calça e pergunta se ela ficaria bem com uma determinada comisa. No meio da conversa eu começo a analisar a calça e penso em uma coisa que nunca havia me passado pela cabeça antes: pra que serve a enorme abertura das calças masculinas?
Além da facilidade em pôr e retirar a peça para mudar de roupa, aquela abertura é um ótimo facilitador urinatório. Essa palavra existe? Pois bem caros amigos, a natureza foi gentil com os homens e os homens com sua enorme capacidade intelectual logo arrumou um jeito de facilitar as coisas. Sem contar que, além dessa facilidades, temos tantas outras como a de facilitador sexual, facilitador para assuntos coçarianos [heim?] e uma série de coisas.
Infelizmente, nós mulheres, desprovidas desses dotes, mas agraciadas por outros [vale a pena lembrar], sofremos com as calças extremamente apertadas que encontramos à venda. As indústrias da moda diminuem cada vez mais o tamanho das peças correspondentes às suas numerações, nos deixando frustradas com alusão de ter ganhado uns quilinhos extras.
Inclusive, projeto verão sem canga tá bombando! Comentários, no próximo post.

Nati.
:)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Envelhecer

Eu descobri uma coisa de mim mesma: eu tenho medo da velhice.
Entendam: não é que eu tenha medo de ficar velha, ficar feia e gorda, até porque eu faço exercícios físicos pra não ficar assim [serei uma mamãe gostosa, imagina só, os amigos de meu filho bulindo comigo? kkkkk], o que eu tenho medo na verdade, é ver as pessoas que convivem comigo ficarem velhas. Minha neura começou quando eu, num belo dia de sol passando de moto, vi o primo de meu pai de bengala. Desde que eu me entendo por gente ele sempre foi velho, mas um velho durinho cheio de vida para dar e vender, sabe? E de uma hora pra outra eu o vejo frágil, andando pela rua. Eu fiquei estática, chocada com o que havia acabado de ver. Nessas horas eu sempre imagino meus pais dessa forma, é tiro e queda, não tem como não controlar minha imaginação. A única coisa que eu posso fazer é me acostumar com essa idéia. :S

Nati.
=*

P.s.: Resolvi mudar minha assinatura. :)

domingo, 11 de julho de 2010

Semana invertida

Bem caros amigos do reciclar palavras... Vish! Sai Galvão Bueno!
Eu vim hoje contar sobre a minha linda semana, que está terminando estranhamente.
Começou assim: eu pretendia na segunda-feira iniciar meu pojeto 'verão sem canga' com o intuito de chegar no verão com o corpo mais sequinho [não me venham dizer que vai caridosamente me seder uma toalha e nem com piadinhas de duplo sentido por favor!], mais tudo de bom [não que esteja ruim, mas quem me conhece sabe de minha 'neura' com o peso]. Eis que recebo um convite quase inegável: meu amigo que está morando no Rio me chama pra tomar cervejas em plena segunda-feira. Tipo, VSF, o retorno. Vale a pena falar que havia um ritual de toda segunda de sentar em um barzinho, tomar uma Bohêmia e comer algo gorduroso. Mas o pessoal foi-se embora Brasil afora, e quem ficou não seguiu com o VSF [pra quem tá curioso, VSF = Viva Segunda-Feira].
E adivinham pra onde eu fui? Pro VSF, óbivius! Fizemos resenha do são joão passado, fizemos resenhas dos amigos alí presentes e depois de um tempo todos fomos pra casa. Beleza.
Terça-feira, Natália no trabalho recebe uma mensagem dizendo estar intimada a comer cachorro-quente e depois jogar poker. rá! Poker de bico seco é que não dá né meu povo? E lá se foi Natália, mesmo na chuva se divertir com a galera.
Quarta-feira, bem vindos ao boliche!
Quinta-feira, fomos bater na boite nova a Bunker. Quase ninguém na pista mas a gente se acabou ao som da banda Submarino.
Sexta, já acordei de ressaca do dia anterior [cheguei 05:00 em casa], fui trabalhar quase que durmo em cima do teclado, msg chega no celular e vamos farrear.
Começa indo pro posto tomar cevejinhas! Uepá! Beleza! Cerveja vai, cerveja vem, não dá pra emendar Bunker com aquela cara, né? Cada um vai pra casa. Eu estou desafiando a força da gravidade [ou pelo menos as de minhas mãos embriagadas ou caberia melhor mal de parkison?] pra passar um lápis no olho e recebo uma ligação. Minha amiga que ia comigo pra boite brigou com o namorado e adivinha quem vai consolar? Acertou quem disse que foi eu. Fiquei a noite toda ouvindo coisas e consolando a coitada. É, deixa pra próxima, né? Amanhã é sábado e tem muito mais. - Penso. Doce ilusão, eis que do nada, recebo a ligação de minha irmã que me pede pra cuidar de meus sobrinhos. Operação babá.
E agora, escrevendo este post, eu percebo como minha semana virou de cabeça pra baixo. E o pior [ou melhor]!!! Como eu consegui arrumar esse tanto de coisa pra fazer nessa cidade!
É gente tem coisas que nem eu, muito menos Freud explica!
Namasté
=*

quinta-feira, 1 de julho de 2010

HINOS DA COPA – MELHORES MOMENTOS

Todo jogo, a mesma coisa. Os jogadores se perfilam em campo, uns em posição de sentido, outros com a mão direita no coração, alguns choram, outros procuram sua imagem no telão do estádio. Tem jogador que até canta. É hora do hino nacional. O torcedor em casa dificilmente assiste. Ou foi ao banheiro, ou está pegando a cerveja, às vezes ainda está procurando onde meteu o danado do controle remoto. Portanto, não tem chance de analisar o teor dos hinos. Mas o repórter atrás do gol faz uma breve apreciação abalizada de alguns hits desta Copa.

ÁFRICA DO SUL

Ao contrário do que se poderia imaginar, não é tocado por uma orquestra de vuvuzelas. É uma verdadeira colcha de retalhos. Mistura o hino nacional do governo do apartheid com o hino popular do Congresso Nacional Africano, do Mandela. Uma espécie de PMDB dos hinos. E também uma verdadeira Torre de Babel, pois inclui versos em cinco idomas: xhosa, zulu, sesotho, africâner e inglês. Ou seja, se você flagrar um jogador calado, não se espante, ele pode não dominar a língua daquela estrofe.

Como outros, este pede proteção a Deus, a união de seus filhos e liberdade. Faltou incluir alguns versos que clamasse por um time um pouco melhor. Mas o Parreira ficou de escrever essa parte.

FRANÇA

A Marselhesa é o maior hit de todos os tempos. Você pode não saber o que significa, mas certamente já o ouviu em mais de uma ocasião. Nãose refere a seus principais produtos, como o vinho, o queijo, a baguete e o perfume. É um hino de guerra, que convoca seus cidadãos a pegar em armas, a se rebelar contra a tirania. “Ouvis nos campos rugirem/Esses ferozes soldados?” Estes versos remetem à revolução francesa, mas no contexto atual, parece se dirigir à tirania da Federação Francesa de Futebol. E que ferozes soldados seriam estes que rugem no campo? Para mim, o hino está falando claramente do Anelka.

Acho que a crise da seleção francesa começou antes da bola rolar. Notem a passagem: “Franceses, em guerreiros magnânimos/ Carreguem ou suspendam seus tiros!” Não estaria o hino conclamando os jogadores a fazer uma greve? Acho que deveriam tocar apenas a parte instrumental da canção para não mexer com a cabeça quente dos atletas. A coisa já estava mais feia que a cara do Ribéry.

INGLATERRA

Mesmo quem nunca estudou inglês conhece os primeiros versos da canção que representa a nação britânica. A primeira vez que ouvi este hino, entendi errado, achei que “God save the Queen” era cantado em referência à banda inglesa. Mais tarde, corroborando meu equívoco, pensava que os fãs falavam de como o grupo poderia sobreviver à ausência de seu band leader Freddie Mercury.

Na verdade, “God save the Queen” ou “Deus salve a Rainha” pede longa vida a bondosa rainha. E deu certo! Elisabeth, a rainha mãe, já completou 101 anos, passou por diversas turbulências familiares, testemunhou as trapalhadas do Príncipe Charles, o funeral de Lady Di e sonha fazer com Niemeyer uma viagem no Cruzeiro do Rei.

ARGENTINA

O hino dos hermanos é pouco ouvido pelos brasileiros. A maioria está xingando a seleção portenha à medida que eles aparecem perfilados em close na tela. O hino já começa com a tradicional arrogância que caracteriza nossos vizinhos: “Ouçam, mortais, o grito sagrado/ Liberdade! Liberdade! Liberdade!” Mortais, pelo visto, somos nós, os cidadãos do resto do mundo que não tiveram o privilégio de nascer argentinos. Em outra passagem, eles repetem três vezes, como se estivessem espirrando: “E os livre do mundo respondem:/Ao grande povo argentino, Saúde!”

Nas solenidades, convencionou-se cantar apenas a primeira e a última estrofes, já que o hino é tanto longo. Recentemente, alguns poetas têm se reunido para propor uma alteração e incluir uns versos em que os argentinos possam cantar seu principal mantra: “Maradona é melhor do que Pelé”.

BRASIL

Nosso hino é o mais difícil de todos. Procurei em diversos sites mas não consegui uma boa tradução. É uma letra confusa, cheia de palavras que ninguém usa, como lábaro, garrida, fúlgido, impávido. Os jogadores deveriam cantá-lo com a mão direita no coração e a esquerda no dicionário.

De qualquer forma, é possível perceber que nosso hino tem uma bela melodia. Além disso, tem profunda identificação com o espírito brazuca. Já começa com um jogo de empurra: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas…” Quem ouviu, afinal? Ninguém assume! O “heróico brado retumbante” foi dado às margens do rio Ipiranga, não tinha ninguém por ali!

Nosso hino enaltece nosso “formoso céu, risonho e límpido”, “nossos lindos campos têm mais flores/nossos bosques têm mais vida…”. É um verdadeiro book que convida os turistas a conhecer nosso país. Faltou citar as praias maravilhosas e, claro, as formosas popozudas que a tantos encantam.

Mesmo tendo sido composto no século XIX, o hino nacional não deixa de citar nossa mais execrável casta, a dos políticos de Brasília. A quem mais estaria se referindo quando canta em seus versos: “Dos filhos deste solo és mãe gentil”ou “Nossas vidas no teu seio, mais amores…”? É ou não é uma clara referência às mamatas que tanto abominamos?

Pois é, minha gente, nosso hino também acaba em pizza…

[Publicado no jornal Estado de São Paulo em 26/6/2010 - Hélio de La Peña]